Assisti a reprise para tirar as minhas frias conclusões sobre o jogo. Li algumas reportagens e ouvi alguns comentaristas em diversas emissoras e podcasts.
Bom, vi uma seleção com disposição para vencer, porém que não encontrava saídas para superar um time organizado defensivamente. A substituição de Vinícius JR foi um equívoco. Um jogador com uma característica de penetração na defesa quebrando as linhas não deveria ter sido substituído.
Neymar era a liderança do time e doa a quem doer. A sua jogada foi fantástica, orientou o meio e a dinâmica do setor ofensivo e era o capitão mesmo sem a faixa, fez o gol e fez um jogo digno de um protagonista de um elenco talentoso e prodígio.
Não bateu o pênalti a mando do seu treinador e esse faltou com respeito aos mais jovens que o acompanham e o apoiam desde 2018 e na crise em 2020. A ausência de Tite no gramado após as penalidades é uma atitude execrável para qualquer liderança.
Estamos nas mãos da superada escola gaúcha de futebol desde 2007. Há mais de uma década de pragmatismo, sem estudos, acreditando no fetiche da camisa canarinho, em bravatas e coletivas paternalistas.
Precisamos renovar a mentalidade do futebol brasileiro como gestão e olhar para ele dentro de uma perspectiva desenvolvimentista e científica desde a formação da nossa base.
As nossas laterais são motivos de questionamentos e a psicologia esportiva que pode agregar no equilíbrio emocional dos atletas são ignorados. É inadmissível a negação do esporte como matéria de estudos por parte dos treinadores brasileiros e a arrogância de alguns no apego ao romantismo do passado sem se desenvolverem tecnicamente ou taticamente.
Acreditamos em “dogmas” para vencer uma competição internacional.
Sobre o legado de Tite
Foram 81 jogos pela seleção brasileira entre os anos de 2017 a 2022. 60 vitórias, 15 empates e 6 derrotas. Sendo apenas 3 em jogos oficiais. Conquistou a Copa América em 2019, vencendo o Peru por 3 a 1 no Maracanã.
E daí? O legado é uma seleção pragmática e que apesar de uma promissora renovação enfrenta dificuldades sérias contra seleções que tem organização tática defensiva. O discurso de que não existe uma “Neymar dependência” em seu elenco é duvidoso. A ausência de variação tática e o excesso de pragmatismo nos levaram a derrotas contra times em Copas de forma displicente.
Uma nova caminhada e transformações são necessárias.
O oportunismo desqualificado daqueles que não saem da zona de conforto causa náuseas. O debate e análise precisa ser feita além da crítica a dancinhas, fiscalização de votos de atletas, cabelos, sobrancelhas, cores de chuteiras ou sobre os brincos ou cordões que os jogadores usam.
Aqueles que precisam ser questionados pela falta de capacidade de gestão esportiva e do desenvolvimento do futebol sempre saem ilesos e procuram propostas imediatistas. Não é um nome que tornar a seleção brasileira competitiva novamente. É um trabalho sem os velhos e superados nomes.
Thunai Melo é professor de História e Jornalista. Amante da literatura futebolística e escreve de forma livre e independente para o Jornal Dia e Noite da Bola e é membro do Canal Bola Viva.
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