Às 06:00, como de costume, eu desperto, me levanto e não penso duas vezes em passar um café e fazer uma caminhada, nos dias de folga. Um final de ano agitado, com transição de governos, e os necessários planos para 2023, mesmo dentro dos clichês festivos, que podem se realizar ou não.
Caminho em direção ao bairro do Alcântara (São Gonçalo) porém antes da muvuca gonçalense de fim de ano tomar conta das ruas, encontro um grande e ilustre amigo. 77 anos, amante do futebol como eu e com muita história boa para contar, da vivência nos campeonatos de várzea e das idas ao velho Maracanã dos anos 1960 a 1980, acompanhando os craques que se eternizaram no futebol.
Era de ouro do futebol Brasileiro
O papo após nossos cumprimentos não deveria ser outro: Pelé! Muito lúcido, o velho Chico (como o chamo), que o acompanhou nas Copas de 1958, 1962, 1970, nas atuações do Rei pelo Santos e viu sua despedida no Cosmos, abriu o verbo com propriedade, romantismo e nostalgia sobre o que o Rei representa para sua geração, que viu o que ele considera a “era de ouro do futebol brasileiro”.
Não pensei duas vezes em parar em uma das confeitarias no tradicional bairro da cidade. Pedi um pão na chapa com manteiga e um café para que a prosa rendesse. Como professor de História, valorizei (e muito!) cada minuto, comentário e palavra.
A memória afetiva sobre a sua vida nas ruas, no trabalho, nas casas e nos seus relacionamentos, nas diversas fases da sua infância, juventude ou vida adulta, eram voltadas para o futebol e na sua referência máxima, que era o Rei Pelé.
Legado de um Rei
Os gols, as jogadas artísticas, as conquistas épicas e que nos deixaram um legado. As lembranças sendo contadas de forma poética e de coração quente e aberto. O velho Chico transformou, em sua prosa, o Rei em um personagem imortalizado, com um roteiro magnífico que passou pelas ondas do rádio, na voz imponente de Waldir Amaral, ao memorável Luciano do Vale.
Entretanto “Assistir os jogos de Pelé significa a redenção para as vitórias e as perdas que a vida me deu e me fez sentir orgulho de ser brasileiro”. Essa foi a frase que talvez melhor represente o que foi o Rei do futebol para um povo que deposita as esperanças da vida em um esporte que nos proporciona risos e lágrimas.
Pelé é a história viva de um povo, e sua eternidade e grandeza vão além desse planeta.
Thunai Melo é professor de História e Jornalista. Amante da literatura futebolística e escreve de forma livre e independente para o Jornal Dia e Noite da Bola e é membro do Canal Bola Viva.
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