O futebol, a sala de aula, a fome e o “isentão”

Na vida e no jogo de futebol, a história não perdoa os covardes.

Há quase um mês eu não encaminho sequer algum texto para os amigos e leitores do Dia e Noite da Bola. Os estudos, o trabalho em excesso e dos desafios na sala de aula ocuparam bastante o meu tempo.

Só quem é de luta e na labuta na educação vão ter essa compreensão. Decidi então escrever algo mais reflexivo em tempos obscuros aonde o futebol pode e deve nos levar a uma reflexão dentro de um contexto em que vivemos através de uma boa roda de discussão. 

No futebol, assim como na vida não há espaço para o “isentão”. Ficam na história aqueles que propõem o jogo, tentam o drible, arriscam jogadas, gostam e apreciam o bom jogo. A história pune o jogo mal jogado, assim como os “roçam pra lá e pra cá” e ficam “cima do muro” cedo ou tarde.  

Em um diálogo com os meus alunos da rede pública, na cidade de São Gonçalo, cidade que possuí 1.098.357 pessoas segundo os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2021), excludente como grande parte das cidades brasileiras.

Na quinta-feira, no dia seguinte após a conquista do quarto título do Flamengo pela Copa do Brasil que vai rendeu boas e calorosas resenhas e memes divertidíssimos por uma semana, alguns deles começaram a “meter” a política na boa prosa e surgiram curiosas perguntas:

“Professor, vai votar em quem?”, bom, os meus alunos sabem o meu posicionamento político, não escondo pois ter um posicionamento não é crime e fui para o diálogo, defendendo sempre de forma pedagógica e crítica que todos se posicionem e não joguem na retranca, tem que ir pra cima! Futebol e política se misturam? Sim, sempre. O futebol como um esporte de massas e a dinâmica da sociedade se relacionam. 

Iniciei a conversa propondo uma reflexão sobre: o futebol ofensivo, com marcação alta, time no ataque, belos passes, dribles, variações táticas, enfim, o futebol total ou a retranca, o jogo sujo, o time atrás da linha da bola, o chutão e a omissão durante o jogo. Daqueles que querem vencer a fome, a miséria, a desigualdade e a barbárie contra aqueles que “odeiam a política”, da turma do em “cima do muro”, “nem um nem o outro”, se você chamar o VAR pode ser surpreendido, ou não.

Futebol
A Democracia Corinthiana ficou marcada na história do futebol brasileiro. / foto: www.comciencia.br

A dúvida foi exposta e a reflexão fica no ar. Quem fica marcado na história? Aqueles que se encorajam superando as suas contradições ou os que não se posicionam?

Dentro ou fora dos gramados, sejam atletas, treinadores, jornalistas ou professores, a história não perdoa os covardes ou os “falastrões” e guardados na memória ficam somente os ousados e destemidos, aqueles que pegam o seu time e gostam de sair da zona de conforto e buscam o resultado, sem medo das circunstâncias. 

Thunai Melo é professor de História e Jornalista. Amante da literatura futebolística e escreve de forma livre e independente para o Jornal Dia e Noite da Bola e é membro do Canal Bola Viva.