Escrito por: Thunai Melo, professor de História e Jornalista. Amante do futebol de botão, da literatura futebolística, de games retrô e sempre um nostálgico do mundo da bola.
Foi em janeiro de 2017 que redescobri uma paixão esquecida: o futebol de botão. Eu poderia falar de normas, regras, federações, ligas, tipos de botões ou modalidades, mas prefiro fazer um relato sobre minha satisfatória e emocionante experiência em estar, novamente, praticando esse esporte, que voltar a ganhar adeptos e reconquista aos antigos praticantes.
Amistosos, torneios, treinos, compras e trocas fazem, agora, parte do meu cotidiano. Através dos bons encontros, conheci muita gente boa, de todas as idades e profissões, que ama o futebol e resgata a sua memória através de uma mesa e de algumas peças.
Ídolos e times marcantes, que fizeram história num passado até então esquecido por muitos, são lembrados e escalados com formações táticas criativas e muito mais atraentes do que os “técnicos acadêmicos” implementam no chato futebol moderno.
Provocações, gozações e rivalidades também ocorrem de acordo com os encontros semanais nos espaços onde rolam os confrontos. “Prepara”, “Pro gol”, o suor na testa a cada chute perigoso do adversário e gols perdidos.
Técnica, preparo físico, paciência e estratégia para cada regra também são exigidos. Cada gol feito nas partidas e o término das disputas nos deixam com aquele gostinho de “quero mais”. O espírito competitivo aumenta, mas o clima dos encontros é o mais leal possível.
Equivocam-se aqueles que tentam disputar com a novas gerações e seus modernos entretenimentos eletrônicos. A “Geração FIFA” está aí para aprender e começar a se identificar com o que lhe é apresentado.
A curiosidade dos jovens na faixa dos 10 aos 18 anos em saber quem foram ídolos, como Garrincha, Nilton Santos, Tostão, Rivelino, Maradona e Zico, e a capacidade de diálogo dos veteranos em apresentá-los sem menosprezar os craques da atualidade é gratificante.
Mostra que os praticantes do futebol de botão não têm como objetivo substituir o que há de novo no mundo moderno, mas agregar valores e referências, como citado anteriormente, esquecidas ao longo da história.
As breves resenhas
As resenhas após os encontros são cativantes. Erros, acertos, dicas, elogios e críticas são debatidos acompanhados de uma cerveja gelada, na maioria das vezes.
Todos os encontros em que participei observei que os grupos geram laços familiares e identidade com o espaço frequentado. Se existe alguma missão que possa ser um legado para as futuras gerações, é o crescimento desses laços e relações sociais, tanto nas ligas quanto nas casas, nos bairros, nas ruas, universidades, escolas praças, bares, ou mesmo em qualquer ambiente onde houver uma jogatina.
Dadinho, pastilha, bolinha, galalite, acrílico, vidrilha… Enfim, não importa o tipo de botão ou a modalidade. Todo amante do futebol deveria experimentar e se aproximar (ou reaproximar) do futebol de mesa, para representar suas ideias, seus ídolos e a concepção que o mesmo possui sobre o esporte em cima da mesa, através de peças bem fabricadas e desenhadas.
Nas mesas, todos somos torcedores, treinadores, preparadores físicos, narradores, comentaristas, repórteres e dirigentes de futebol. Representamos todos os desejos futebolísticos de quando éramos crianças. É uma experiência que me faz sentir nada mais nada menos do que ter a vontade de ir adiante e levá-la para aqueles que nunca tiveram o contato, buscando contribuir com o crescimento da nostalgia que é o futebol de botão.
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