Pois é galera, um trio que marcou época no futebol carioca e nacional, formado no celeiro de craques de um passado a muito esquecido. Madureira de Didi, Evaristo de Macedo, Nelsinho e tantos outros, mostrou ao mundo o “trio de ouro”, ou melhor dizendo ” Os Três Patetas“.
Em pouco tempo de atuação juntos, deixaram marcas profundas principalmente em Vasco e Fluminense, que depois disputariam seus passes.
Mas a história não começou no Vasco, na verdade terminou! A morte precoce e a insatisfação salarial separou o trio, mas não vamos contar a história como os mangás( revista japonesa onde a leitura é feita de trás para frente), vamos iniciar a história pelo Madureira.
O Madureira histórico de 1942
Certamente foi o maior trio de atacantes que o tricolor suburbano já teve e não marcou história apenas com seus gols.
Só para exemplificar o que foi o ano de 1942, o Madureira foi vice-campeão do Torneio Início e Quinto colocado no Campeonato Carioca com 27J 9V 8E e 10D. Foram 74 gols marcados e levando 58, sendo o terceiro melhor ataque.
E não foi uma campanha qualquer. Vasco e Fluminense conheceram o poder do ataque suburbano.
“Bigode, Franzino e mais escuro”, o trio chamado assim em alguns periódicos da época, fez apenas um 5×1 no Vasco e um 4×1 no Fluminense.
Sem duvida nenhuma, a goleada mais marcante foi a do Fluminense, que a torcida xingava tanto o Isaias que quase houve invasão de Campo .
Mas por que o trio ganhou o apelido de três patetas? Os três jogavam sorrindo, com dribles e jogadas tão desconcertantes que provocava alegria e risadas na torcida, então devido a isso e ao sucesso do “Trio Original”, eles ganharam a alcunha.
Na verdade, o Vasco nesse ano não se deu bem contra o Madureira. Foi derrotado por 5×1 no primeiro turno, venceu o segundo turno de 2×0 e perdeu no terceiro turno de 3×1.
Depois do Campeonato, Vasco e Flu disputaram o passe dos três, e o cruzmaltino pagou 80 mil cruzeiros na época para contratar o trio. O que era uma quantia absurda na época.
Os Três Patetas no Vasco da Gama
Segundo o ALMANAQUE DO VASCO, o primeiro a entrar em campo foi Lelé, em 1943. Em um amistoso dia 15 de novembro, Vasco 3×1 Sampaio.
A estréia do trio aconteceu numa quarta-feira, dia 10 de fevereiro, no estádio do Pacaembú contra o São Paulo. Um empate de 2×2, sendo um dos gols marcado por Isaias.
O primeiro gol do Lelé pelo Vasco foi no dia 17 de Janeiro, amistoso contra o Serrano. Um 6×0 onde ele marcou dois.
Certamente que não poderia faltar o Jair, que marcou seu primeiro gol no dia 14 de fevereiro. Vasco x Palmeiras empataram em 1×1, em amistoso no Pacaembú.
No primeiro ano de Vasco, nenhum título. Mas a partir de 1944, o embrião do “expressinho da vitória”, começava a tomar corpo e os títulos apareceram .
- 1944- CAMPEÃO TORNEIO INICIO , CAMPEÃO MUNICIPAL E CAMPEÃO CARIOCA
- 1945- CAMPEÃO TORNEIO INICIO, CAMPEÃO MUNICIPAL E CAMPEÃO CARIOCA
- 1946- CAMPEÃO TORNEIO MUNICIPAL E CAMPEÃO TORNEIO RELÂMPAGO
Mas o campeonato que marcou o trio foi o de 1945.
O Vasco venceu de forma invicta, com Show do três patetas, simplesmente não dando chance a ninguém, e os números não mentem. Em 18 jogos foram 13V 5E com 58GP e 15 GC. Dos 58 gols, o trio fez 24, sendo:
- Lelé : 13 gols
- Isaias : 7 gols
- Jair : 4 gols
Em 1944, o trio de Ouro teve uma passagem marcante na Seleção, onde disputou duas partidas contra o Uruguai e foram duas goleadas. 6×1 e 4×1.
Mas os “três patetas” teriam vida curta e conhecendo cada um , vamos saber porque o trio só jogou junto de 1942 a 1946.
Manoel Peçanha, o Lelé
Manoel nasceu na cidade de Campo RJ, no dia 23 de fevereiro de 1918. Em sua juventude começou a jogar pelo Americano, de Campos, mas se profissionalizou no Madureira.
Teve apelidos como “franzino”, “canhão da colina”, foi o único do trio que ganhou o Sul-Americano de 1948.
Pelo time da colina, foram 147 gols, um verdadeiro artilheiro, ganhou diversos outros títulos e ainda passou por:
- Madureira
- Flamengo
- Ponte Preta
- São Paulo
Esteve presente na Inauguração do Estádio de Conselheiro Galvão e até hoje é “endeusado” pelos torcedores do Vasco. Teve uma passagem pelo rival Flamengo, mas isso não atrapalhou a idolatria no cruzmaltino.
Foi tão importante que até marchinha foi feita em homenagem a ele”
Com voz da cantora Linda Batista com o título “No Boteco do José”.
Vamos lá!
Que hoje é de graça
No boteco do José
Entra homem, entra menino
Entra velho, entra mulher
É só dizer que é vascaíno
E amigo do Lelé
Isaias Benedito da Costa
Nasceu no dia 27 de outubro no Rio de Janeiro.
A fim de ser jogador, ainda na adolescencia, foi até o campo do América na Tijuca implorar uma chance, não conseguindo.
Certamente ali não era o ponto final do “mais escuro” . Isaias haveria de vencer e seria o pilar principal, sendo o mais habilidoso deles.
Dessa maneira, ao procurar o Madureira, o time percebeu a joia que estava nas mãos e fechou o primeiro contrato no dia 9 de abril de 1940.
Com um ótimo porte físico, driblador, jogou nas duas pontas, mas se achou como centroavante.
Ao fim de 1943, transferiu-se para o Vasco junto com sua dupla de “patetas”. Já que se conheciam tão bem que jogar separado era queda de produção do time.
Ganhou tudo que podia em pouco tempo pelo Vasco, já que infelizmente o único adversário que o venceu foi a Tuberculose.
Assim que diagnosticado, o médico do Vasco em conjunto com outros profissionais iniciaram o tratamento que envolvia isolamento do paciente durante um longo período. E talvez esteja ai o maior problema.
Diversas vezes o jogador foi pego em Madureira, visitando sua noiva que sentia muito a falta dela. Entretanto isso foi crucial para o tratamento não ter dado certo.
E no dia 5 de abril de 1947, enquanto o Vasco estava na Bariri se preparando para enfrentar o Olaria, chegou a notícia. Isaías não resistiu a doença e faleceu.
Morria ali uma das maiores promessas do nosso futebol.
Jair Rosa Pinto
” O mirradinho” nasceu dia 2 março de 1921, em Barra Mansa.
Além de jogador, quando encerrou a carreira foi treinador.
Como Jogador passou por:
- Barra Mansa
- Madureira
- Vasco
- Flamengo
- Palmeiras
- Santos
- São Paulo
- Ponte Preta
Seu primeiro contrato como profissional foi no Madureira. Passou na base do Vasco, mas preferiu não ficar.
Bi-Campeão carioca, saiu do Vasco por que ganhavam menos que outros jogadores do time, se transferindo para o maior rival. por lá passou pelo pior momento da carreira, quando foi até acusado de receber propina depois de uma derrota justamente para o time da colina, por 5×2.
Madureira colocou ele no circuito , o Vasco o mostrou ao mundo e teve suas melhores fases em Palmeiras ( onde é ídolo) e Santos.
Você pode ajudar o DNB a continuar com o trabalho e ajudar o jornalismo esportivo independente. Contribuindo com valores a partir de R$ 2 através do financiamento coletivo apoia.se/diaenoitedabola ou com qualquer valor no Pix: diaenoitedabola@gmail.com