O Brasil é um celeiro de craques que surgem em todos os cantos e regiões do país. Seja em uma pelada nas ruas de paralelepípedos de Bangu ou em uma aldeia no interior do Pará, o futebol brasileiro sempre revelou jogadores de destaque. No entanto, um fato curioso é a ausência de representantes do futebol indígena vestindo a camisa da seleção brasileira.
Tupi, Guarani, Aimorés etc. Em diferentes estados temos clubes tradicionais ou desconhecidos que homenageiam de alguma maneira esses povos.
Mas basta olhar um pouco mais de perto que a homenagem para por ai. Quando os times entram em campo não é possível encontrar jogadores de origem indígena.
Entretanto, isso não é exclusividade dessas equipes. Na Série A do Campeonato Brasileiro a história não é diferente. Apenas o Corinthians conta com um jogador de origem Xucuru, o volante Paulinho.
O camisa 15 corintiano foi apenas o segundo da etnia Xucuru a jogar pelo clube paulista. Outro nome bastante conhecido no final dos anos 90, era índio. O ex-lateral-direito ajudou o Timão na conquista dos campeonatos brasileiros de 1998 e 1999, além do Mundial de Clubes no ano 2000.
Com passagens por PAOK, da Grécia e Alianza Lima, do Peru, Iracã, nome Xucuru de índio, foi o primeiro jogador brasileiro de origem indígena a atuar no exterior.
Mas o que faz jogadores de origem indígena não conseguirem destaque no futebol brasileiro? E a nível mundial, seria diferente?
As Flechadas de Edinson Cavani
Com 200 gols em 301 jogos, Edinson Cavani é o maior artilheiro da história do Paris Saint-Germain. O uruguaio tem passagens com destaque por grandes clubes da Europa.
Mas um gesto do atacante durante as comemorações de gols, chama a atenção. Cavani se ajoelha coloca as mãos em forma de arco e simula o lançamento de uma flecha.
Uma referência ao povo Charrúa. População indígena que habitava alguns territórios do Uruguai, Nordeste da Argentina e Sul do Brasil.
Descritos como guerreiros e destemidos, os Charrúas tiveram uma forte influência na cultura uruguaia. Além das flechadas, Cavani batizou a filha mais nova com o nome de Índia.
Gavião Kyikatejê – O primeiro time de futebol indígena do Brasil
Voltando ao nosso país, temos a história do modesto Gavião Kyikatejê. Fundado em 2009 na cidade de Bom Jesus do Tocantins, no Pará.
O Gavião é o primeiro time de futebol indígena a se tornar profissional no Brasil. Porém, o maior feito da equipe foi chegar a primeira divisão paraense no ano de 2014.
Liderado pelo cacique e técnico Zeca Gavião, o Kyikatejê atualmente conta com um time misto. No entanto, anteriormente apenas jogadores de origem indígena poderiam entrar em campo.
A estreia na divisão de elite paraense foi enfrentando o tradicional Paysandu, no estádio da Curuzu. O resultado foi 2×1 para o time da capital, mas a partida ficou marcada pelo gol do Gavião.
Aru Sompré marcou para os indígenas, colocando de vez seu nome da galeria de ídolos do clube.
Sempre com o corpo pintado com as cores Kyikatejê, Aru se tornou o maior artilheiro da história do Gavião. Contudo, o atacante morreu num acidente de carro, em 2018, aos 31 anos de idade.
Atualmente o Gavião Kyikatejê disputa a segunda divisão do campeonato paraense.
Vale lembrar que segundo o último censo divulgado pelo IBGE, existem aproximadamente 900 mil indígenas no país. Entretanto, apenas a equipe do Pará está registrada como clube de futebol indígena profissional.
O que falta para que mais jogadores de origem indígena apareçam com destaque no futebol brasileiro?
Será que um dia veremos um indígena vestindo a camisa mais importante do futebol mundial?
Você pode ajudar o DNB a continuar com o trabalho e ajudar o jornalismo esportivo independente. Contribuindo com valores a partir de R$ 2 através do financiamento coletivo apoia.se/diaenoitedabola ou com qualquer valor no Pix: diaenoitedabola@gmail.com