Apesar do patriotismo doentio, torcer e vestir a “amarelinha”, organizar as crianças e adultos nas ruas e bairros, principalmente em regiões suburbanas, é uma tarefa coletiva e prazerosa apesar da exposição golpista e fascista de muita gente.
Em tempos de exclusão e segregação com a ausência dos pobres em sua maioria nos estádios, o PPV nas casas e nos bares, mesmo não sendo tão acessível para a dura realidade brasileira em tempos de crise e aumento da pobreza, se tornou uma alternativa para a socialização que o futebol promove fora dos locais de jogos.
Diante desse triste contexto, com manifestações esquizofrênicas, e um ufanismo barato que precisamos enterrar com urgência após o “fechamento das portas do inferno” no dia 30/10, como resgatar aquilo que já nos representou e estimulou os bons e velhos encontros durante as Copas do Mundo e amistosos?
Como recuperar a paixão perdida por uma seleção que ao longo dos anos que se passaram, ficou de costas para o seu povo?
Respostas e mais respostas não cabem aqui nesse simplório texto que é uma tentativa de diálogo com a ausência de expectativas sobre uma seleção (apesar de ser forte, competitiva e favorita a ao hexa) que a população há tempos não sabe a sua escalação e não se identifica. Mas, cabe a reflexão.
Logo, é indiscutível a necessidade de nós termos a coragem de peitar uma certa “camarilha” que sequestra os símbolos nacionais e que se apropriou de um “patrimônio cultural”, que é o prazer de torcer pela seleção brasileira sem nos sentirmos constrangidos com as polêmicas de um “gado que está perdido no pasto”.
O futebol é um esporte que historicamente se popularizou entre as massas, envolvendo grupos de pessoas que se organizam através dele em dias de jogos e o estímulo ao coletivismo em comunidades para os inúmeros eventos, com o objetivo apenas de torcer pela sua seleção.
Nos privam do direito à cidade, das arquibancadas, do acesso à cultura e educação e das formas de lazer. A cidade e as formas de torcer estão em disputa e nós precisamos entrar no jogo.
Thunai Melo é professor de História e Jornalista. Amante da literatura futebolística e escreve de forma livre e independente para o Jornal Dia e Noite da Bola e é membro do Canal Bola Viva.