Ser um professor da rede pública é um desafio constante por algumas imposições que surgem através das autoridades governamentais ao longo de décadas.
Nos tornamos versáteis em nossa profissão e abraçamos o mundo sendo responsáveis, psicólogos, amigos, colegas, parentes, ou seja, somos “multifacetados” dentro do nosso espaço e o nosso lado humano se aflora, abrindo mão dos nossos sonhos para abrir o caminho para muitos.
Longe das tradicionais colunas sobre o que rola durante a semana no futebol brasileiro, decidi escrever sobre uma quinta feira, longe da rotina e em um dia totalmente atípico. Algo me chamou bastante a atenção ao levar a criançada para a quadra em um momento de lazer. A forma como é tratado de maneira ingênua o futebol.
Observei cada detalhe nos dribles e passes, nos arranques e ao improviso nas jogadas. Cada toque era motivo para risadas e gargalhadas, sem qualquer responsabilidade e competitividade (essa muitas vezes tóxicas que existe entre nós).
Durante a entrevista que realizamos pelo Canal Bola Viva com a maravilhosa dupla do “Projeto Gondwana”: Mônica Saraiva e Sebastián Vásquez, batemos um papo sobre como o futebol é um fenômeno que está próximo demais das camadas mais pobres através de diversas maneiras e tudo o que o envolve.
De fato, é o esporte com um poder de socialização impressionante e necessário para a humanidade. Sem os números, estatísticas ou táticas. Todos com os pés descalços, a bola, o drible e a correria. A diversão e o prazer estavam em driblar o outro, no “bobinho”, no “olé”, no improviso com a ginga para aproveitar ao máximo a posse de bola e o momento de estarem juntos.
É o coletivo, o sorriso e as intensas risadas que acabaram logo quando o sinal toca e voltamos a sala de aula para a chata rotina de forma “industrial” como é o falido modelo educacional.
Essa experiência nos mostra como podemos entender o futebol e a forma como ele se insere nos diversos segmentos da sociedade em diversas formas. O futebol é uma manifestação cultural que possui uma representatividade tremenda junto ao povo.
Bom, talvez eu goste de ser enganado ao delirar com a possível mudança na sociedade através da bola e das suas representações.
Thunai Melo, professor de História e Jornalista. Amante da literatura futebolística, de games retrô, é um bom nostálgico do mundo da bola e um operário da mídia independente. Escreve para o Jornal Dia e Noite da Bola, Canal Bola Viva e para o Jornal Daki.