O milagre de BH – A vitória improvável dos EUA

O que parecia impossível aconteceu. Um time amador venceu os inventores do futebol! A magnífica história da Copa de 1950 entre EUA e Inglaterra.

Nos dias atuais é possível um time semiprofissional vencer uma equipe já estabelecida nas Séries A ou B? As vezes temos algumas surpresas, mas isso geralmente acontece em Mata Mata.

Imagine os inventores de futebol, que no alto de sua soberba se negavam a participar da Copa do Mundo por se acharem imbatíveis, perderem um jogo para time de bombeiro, padeiro e garçom?

Foi exatamente o que aconteceu no dia 15 de junho de 1950, um das seleções mais antigas do mundo foi derrotada por um “bando de trabalhadores” e um pouco mais de 10 mil pessoas assistiram essa façanha.

Mas como?

O chamado “milagre de BH”, creio eu, foi o fato mais marcante de todas as Copas e hoje iremos relembrar o feito dos EUA.

A seleção Inglesa que antes da Copa, estavam a 30 jogos sem derrotas, caiu no Grupo 2, junto com Chile, EUA e Espanha.

No primeiro jogo, foi um 2×0 fácil contra o Chile. Craques como Billy Wright, A. Rampsey e Stanley Mattews. Mas no segundo jogo veio a pancada.

EUA – Uma seleção amadora

Primeiramente, devemos entender como aquela seleção sem experiência chegou e fez o milagre de ganhar dos ingleses. A seleção americana ficou inativa alguns anos devido a Segunda Guerra.

Os EUA estavam totalmente voltados para a batalha no continente europeu, toda sua economia e esforços voltados para isso.

EUA

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Por conta disso, o futebol do país que já não era muito desenvolvido, sofreu um grande atraso, e consequentemente não conseguia sair do amadorismo.

De setembro de 1937 a julho de 1947, não houve nenhum jogo da seleção, ou seja, o time não treinou junto, não jogou junto, portanto, teve menos de 3 anos de preparação para a Copa.

Certamente quando voltasse a jogar, os resultados seriam catastróficos. Sendo assim, perdeu de goleada para México e Cuba. Nos jogos Olímpicos de 1948, levou um 9×0 da Itália. De fato, com um campeonato amador, organizar o futebol de forma profissional fica complexo. Se classificou apertado nas eliminatórias com uma vitória, 1 empate e 2 derrotas .

  • EUA 1×1 Cuba
  • México 6×0 EUA
  • México 6×2 EUA
  • Cuba 2×5 EUA

Joe Gaetjens – Um dos heróis do jogo

Joseph Édouard Gaetjens, assim como alguns companheiros, era um imigrante que tentava vencer nos EUA.

Descendente de pai alemão e mãe haitiana, o haitiano nasceu em Porto Príncipe, era filho de um comerciante local. Começou a jogar ainda na adolescência e sem dúvida tinha certa habilidade. Chegou a ser Bi-Campeão do Haiti com o Etoile Haitienne.

Mesmo que consolidado no país, preferiu trocar o caribe pelos EUA, onde ganhou uma bolsa na Universidade de Columbia, porém com a grande parte do time, estudava e trabalhava. Nas horas vagas era garçom do dono do time em que jogava, o Brookhattan.

Após a Copa continuou os estudos mas mudou de seleção. Em 1954, disputou as eliminatórias pelo Haiti.

Seu fim foi trágico . Mesmo não envolvido com política, foi capturado pela Ditadura de Papa Doc Duvalier e nuca mais foi visto , tendo sua morte declarado 10 de julho de 1964, aos 40 anos.

O JOGO

A Inglaterra pressionou desde os primeiros minutos, porém os EUA tinha uma arma, o goleiro Borghi.

Os primeiros 12 minutos foram um verdadeiro massacre. Seis chances claras de gol, os americanos não conseguiam tocar na bola.

O primeiro chute americano foi apenas aos 25 minutos. Entre os 30′ e 33′ mais três chances inglesas.

Aos 38′ o Independência explode, um lance improvável aconteceu. O capitão americano cobrou o lateral para o Bahr, que chutou sem grandes pretensões para dentro da área, Willians avançou para interceptar ,mas o herói Gaetjens foi mais rápido e cabeceou para o gol: 1×0 EUA.

A torcida mineira foi a loucura, invasões de campo foram registradas, ali existia um pequeno morro, o que facilitou muito a invasão e o mais importante : a Inglaterra sentiu o golpe.

Dai por diante foi um “Deus nos acuda ! Inglaterra atacando e os EUA se segurando como pode e a estrela do goleiro norte americano brilhando intensamente, praticando defesas monumentais e quando acabou a partida, os espectadores e jornais da época tinham a certeza que aquele jogo entraria para a história das Copas do Mundo.